domingo, 29 de março de 2009

Literatura

Há muito tempo atraz, na pré-história surge à escrita. Povos de culturas diferentes em diferentes lugares descobrindo que podem deixar suas marcas (mesmo não sabendo que esta deixando um bem histórico para a humanidade). A partir dessa descoberta foram surgindo textos junto deles a literatura, mas por ter sido a muitos anos antes de Cristo, vários textos foram se perdendo e foram aparecendo também artistas que fizeram valer a arte de escrever fazendo obras que ate hoje são reconhecidas.

A literatura é uma manifestação artística, onde o artista capta a realidade através de seus sentimentos. A literatura brasileira é muito rica, temos grandes nomes como Machado de Assis, Jorge Amado, Paulo Coelho e outros. Machado nos mostra o romantismo com um ar de ironia que abusa da narração em primeira pessoa para criar certo humor e nos faz viajar sem mesmo sair do lugar. Jorge é o autor mais adaptado da televisão brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta, Gabriela e Tereza Batista, Dona Flor e Seus Dois Maridos são criações suas, além disso é conterrâneo do povo baiano. Paulo Coelho o escritor brasileiro mais famoso, ele nos fascina com histórias de aventuras que envolvem misterios da vida.

Espera-se que a nova geração de jovens prossiga com uma literatura rica e moderna para que esse ritual histórico não se perca com o tempo.

terça-feira, 24 de março de 2009

Mais um na multidão

por: Tribalista

Guarde segredo que te quero
e conte so os seus pra mim
faça de mim o seu brinquedo
você é meu enrredo vem pra cá

te querote espero
não não vai passar
o amor não falta está

você pensa em mim
eu penso em você
eu tento dormir
você tenta esquecer
longe do seu ninho meu andar caminho
deixo onde passo meus pés no chao
só mais um na multidão

o mar de sol no leito do lar
e nem um rio pode apagar
o amor e fogo e ferve queimando
estou ferido agora eu sigo te amando
voce pode acreditar

a mesma carta o mesmo verbo
em sonho só viver pra ti
quem tem a chave do misterio
não teme tanto medo de amar

me cegote enchergo
não não vai passar
o amor não falta está

te quero
te espero
não não vai passar
o amor não falta está

voce pensa em mim
eu penso em você
eu tento dormir
voce tenta esquecer
longe do seu ninho
meu andar caminho
deixo o óbvio faço os meus pés no chão
sou mais um na multidão

quinta-feira, 19 de março de 2009

Minha Desgraça

Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus,
o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco….
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro….
Eu sei….
O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem me dera!) é o dinheiro….
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

Álvares de Azevedo

terça-feira, 17 de março de 2009

Tu Tens um Medo

Acabar.

Não vês que acabas todo o dia.

Que morres no amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que te renovas todo dia.

No amor.

Na tristeza

Na dúvida.

No desejo.

Que és sempre outro.

Que és sempre o mesmo.

Que morrerás por idades imensas.

Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

Não ames como os homens amam.

Não ames com amor.

Ama sem amor.

Ama sem querer.

Ama sem sentir.

Ama como se fosses outro.

Como se fosses amar.

Sem esperar.

Tão separado do que ama, em ti,

Que não te inquiete

Se o amor leva à felicidade,

Se leva à morte,

Se leva a algum destino.

Se te leva.

E se vai, ele mesmo...

Não faças de ti

Um sonho a realizar.

Vai.

Sem caminho marcado.

Tu és o de todos os caminhos.

Sê apenas uma presença.

Invisível presença silenciosa.

Todas as coisas esperam a luz,

Sem dizerem que a esperam.

Sem saberem que existe.

Todas as coisas esperarão por ti,

Sem te falarem.

Sem lhes falares.

Sê o que renuncia

Altamente:

Sem tristeza da tua renúncia!

Sem orgulho da tua renúncia!

Abre as tuas mãos sobre o infinito.

E não deixes ficar de ti

Nem esse último gesto!

O que tu viste amargo,

Doloroso,

Difícil,

O que tu viste inútil

Foi o que viram os teus olhos

Humanos,

Esquecidos...

Enganados...

No momento da tua renúncia

Estende sobre a vida

Os teus olhos

E tu verás o que vias:

Mas tu verás melhor......

E tudo que era efêmerose desfez.

E ficaste só tu, que é eterno.


Cecília Meireles

segunda-feira, 16 de março de 2009

Canção

Canção

Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e meu navio chegue ao fundo
e meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas coordenadas,
meus olhos secos como pedras
e minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meirelles

sexta-feira, 13 de março de 2009

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Vida

Já perdoei erros quase imperdoáveis,tentei substituir pessoas insubstituíveise esquecer pessoas inesquecíveis. Já fiz coisas por impulso,já me decepcionei com pessoas que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,mas também já decepcionei alguém. Já abracei pra proteger,já dei risada quando não podia,fiz amigos eternos,e amigos que eu nunca mais vi. Amei e fui amado,mas também já fui rejeitado,fui amado e não amei. Já gritei e pulei de tanta felicidade,já vivi de amor e fiz juras eternas,e quebrei a cara muitas vezes! Já chorei ouvindo música e vendo fotos,já liguei só para escutar uma voz,me apaixonei por um sorriso,já pensei que fosse morrer de tanta saudadee tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo). Mas vivi! E ainda vivo! Não passo pela vida.E você também não deveria passar!Viva!! Bom mesmo é ir à luta com determinação,abraçar a vida com paixão,perder com classee vencer com ousadia,porque o mundo pertence a quem se atrevee a vida é "muito" para ser insignificante.
Augusto Branco

ps: caaara eu AMEI esse poema , ele fala da vida de uma maneira tão tocante*---*

quinta-feira, 12 de março de 2009

Propósito
por Machado de Assis
A temperatura literária está abaixo de zero. Este clima tropical, que tanto aquece as imaginações, e faz brotar poetas, quase como faz brotar as flores, por um fenômeno, aliás explicável, torna preguiçosos os espíritos, e nulo o movimento intelectual. Os livros que aparecem são raros, distanciados, nem sempre dignos de exame da crítica. Há decerto exceções tão esplêndidas quanto raras, e por isso mesmo mal compreendidas do presente, graças à ausência de uma opinião. Até onde irá uma situação semelhante, ninguém pode dizê-lo, mas os meios de iniciar a reforma, esses parecem-nos claros e símplices, e para achar o remédio basta indicar a natureza do mal.
A nosso ver, há duas razões principais desta situação: uma de ordem material, outra de ordem intelectual. A primeira, que se refere à impressão dos livros, impressão cara, e de nenhum lucro pecuniário, prende-se inteiramente à segunda que é a falta de gosto formado no espírito público. Com efeito, quando aparece entre nós essa planta exótica chamada editor, se os escritores conseguem encarregá-lo, por meio de um contrato, da impressão das suas obras, é claro que o editor não pode oferecer vantagem aos poetas, pela simples razão de que a venda do livro é problemática e difícil. A opinião que devia sustentar o livro, dar-lhe voga, coroá-lo enfim no Capitólio moderno, essa, como os heróis de Tácito, brilha pela ausência. Há um círculo limitado de leitores; a concorrência é quase nula, e os livros aparecem e morrem nas livrarias. Não dizemos que isso aconteça com todos os livros, nem com todos os autores, mas a regra geral é essa.
Se a ausência de uma opinião literária torna difícil a publicação dos livros, não é esse o menor dos seus inconvenientes; há outro, de maior alcance, porque é de futuro: é o cansaço que se apodera dos escritores, na luta entre a vocação e a indiferença. Daqui se pode concluir que o homem que trabalha, apesar de tais obstáculos, merece duas vezes as bênçãos das musas Um exemplo: apareceu há meses um livro primoroso, uma obra selada por um verdadeiro talento, aliás conhecido e celebrado. Iracema foi lida, foi apreciada mas não encontrou o agasalho que uma obra daquelas merecia. Se alguma vez se falou na imprensa a respeito dela, mais detidamente, foi para deprimi-la; e isso na própria província que o poeta escolhe para teatro do seu romance. Houve na Corte, quem se ocupasse igualmente com o livro, mas a apreciação do escritor, reduzida a uma opinião isolada, não foi suficiente para encaminhar a opinião, e promover as palmas a que o autor tinha incontestável direito. Ora, se depois desta prova, o Sr. Conselheiro José de Alencar atirasse a sua pena a um canto, e se limitasse a servir ao país no cargo público que ocupa, é triste dizê-lo, mas nós cremos que a sua abstenção estava justificada. Felizmente, o autor d'O Guarani é uma dessas organizações raras que acham no trabalho sua própria recompensa, e lutam menos pelo presente, do que pelo futuro, Iracema, como obra do futuro, há de viver, e temos fé de que será lida e apreciada, mesmo quando muitas das obras que estão hoje em voga, servirem apenas para a crônica bibliográfica de algum antiquário paciente.
A fundação da Arcádia Fluminense foi excelente num sentido: não cremos que ela se propusesse a dirigir o gosto, mas o seu fim decerto que foi estabelecer a convivência literária, como trabalho preliminar para obra de maior extensão. Nem se cuide que esse intento é de mínimo valor: a convivência dos homens de letras, levados por nobres estímulos, pode promover ativamente o movimento intelectual; a Arcádia já nos deu algumas produções de merecimento incontestável, e se não naufragar, como todas as cousas boas do nosso país, pode-se esperar que ela contribua para levantar os espíritos do marasmo em que estão.
Qual o remédio para este mal que nos assoberba, este mal de que só podem triunfar as vocações enérgicas e ao qual tantos talentos sucumbem? O remédio já tivemos ocasião de indicá-lo em um artigo que apareceu nesta mesma folha: o remédio é a crítica. Desde que, entre o poeta e o leitor, aparecer a reflexão madura da crítica, encarregada de aprofundar as concepções do poeta para as comunicar ao espírito do leitor; desde que uma crítica conscienciosa e artista, guiar a um tempo, a musa no seu trabalho, e o leitor na sua escolha, a opinião começará a formar-se, e o amor das letras virá naturalmente com a opinião. Nesse dia os cometimentos ilegítimos não serão tão fáceis; as obras medíocres não poderão resistir por muito tempo; o poeta, em vez de acompanhar o gosto mal formado, olhará mais seriamente para sua arte; a arte não será uma distração, mas uma profissão, alta, séria, nobre, guiada por vivos estímulos; finalmente, o que é hoje exceção, será amanhã uma regra geral.
Os que não conhecerem de perto o autor destas linhas, vão naturalmente atribuir-lhe, depois desta exposição, uma intenção imodesta que ele não tem. Não, o lugar vago da crítica não se preenche facilmente, não basta ter mostrado algum -amor pelas letras para exercer a tarefa difícil de guiar a opinião e as musas nem essa tarefa pode ser desempenhada por um só homem; e as eminentes e raras qualidades do crítico, são de si tão difíceis de encontrar, que eu não sei se temos no Império meia dúzia de pensadores próprios para esse mister.
Assim que, estas semanas literárias não passam de revistas bibliográficas; seguramente que nos não limitaremos a noticiar livros, sem exame, sem estudo; mas daí a exercer influência no gosto, e a pôr em ação os elementos da arte, vai uma distância infinita. Se os livros, porém, são poucos, se raro aparecem as vocações legítimas, como, preencher esta tarefa? A esta pergunta dos nossos leitores temos uma resposta fácil. Se as publicações não são freqüentes, há obras na estante nacional, que podem nos dias de carência ocupar a atenção do cronista; e é assim, por exemplo, que uma das primeiras, obras de que nos ocuparemos será a Iracema do Sr. José de Alencar. Antes, porém, de trazer para estas colunas a irmã mais moça de Moema e de Lindóia, tão formosa, como elas, e como elas tão nacional, diremos alguma cousa do último romance do Sr. Dr. Macedo, O Culto do Dever, que acaba de ser publicado em volume. A próxima revista será consagrada ao livro do autor d'A Moreninha, que no meio das suas preocupações políticas, não se esquece das musas. Mas que fruto nos traz ele da sua última excursão ao Parnaso? É o que veremos na próxima semana.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Lamento pela lingua portuguesa

Não és mais do que as outras, mas és nossa, e crescemos em ti. Nem se imagina que alguma vez uma outra língua possa pôr-te incolor, ou inodora, insossa, ser remédio brutal, mera aspirina, ou tirar-nos de vez de alguma fossa, ou dar-nos vida nova e repentina. Mas é o teu país que te destroça, o teu próprio país quer-te esquecer e a sua condição te contamina e no seu dia-a-dia te assassina. Mostras por ti o que lhe vais fazer: vai-se por cá mingando e desistindo, e desde ti nos deitas a perder e fazes com que fuja o teu poder enquanto o mundo vai de nós fugindo: ruiu a casa que és do nosso ser e este anda por isso desavindo connosco, no sentir e no entender, mas sem que a desavença nos importe nós já falamos nem sequer fingindo que só ruínas vamos repetindo. Talvez seja o processo ou o desnorte que mostra como é realidade a relação da língua com a morte, o nó que faz com ela e que entrecorte a corrente da vida na cidade. Mais valia que fossem de outra sorte em cada um a força da vontade e tão filosofais melancolias nessa escusada busca da verdade, e que a ti nos prendesse melhor grade. Bem que ao longo do tempo ensurdecias, nublando-se entre nós os teus cristais, e entre gentes remotas descobrias o que não eram notas tropicais mas coisas tuas que não tinhas mais, perdidas no enredar das nossas vias por desvairados, lúgubres sinais, mísera sorte, estranha condição, mas cá e lá do que eras tu te esvais, por ser combate de armas desiguais. Matam-te a casa, a escola, a profissão, a técnica, a ciência, a propaganda, o discurso político, a paixão de estranhas novidades, a ciranda de violência alvar que não abranda entre rádios, jornais, televisão. E toda a gente o diz, mesmo essa que anda por tal degradação tão mais feliz que o repete por luxo e não comanda, com o bafo de hienas dos covis, mais que uma vela vã nos ventos panda cheia do podre cheiro a que tresanda. Foste memória, música e matriz de um áspero combate: apreender e dominar o mundo e as mais subtis equações em que é igual a xis qualquer das dimensões do conhecer, dizer de amor e morte, e a quem quis e soube utilizar-te, do viver, do mais simples viver quotidiano, de ilusões e silêncios, desengano, sombras e luz, risadas e prazer e dor e sofrimento, e de ano a ano, passarem aves, ceifas, estações, o trabalho, o sossego, o tempo insano do sobressalto a vir a todo o pano, e bonanças também e tais razões que no mundo costumam suceder e deslumbram na só variedade de seu modo, lugar e qualidade, e coisas certas, inexactidões, venturas, infortúnios, cativeiros, e paisagens e luas e monções, e os caminhos da terra a percorrer, e arados, atrelagens e veleiros, pedacinhos de conchas, verde jade, doces luminescências e luzeiros, que podias dizer e desdizer no teu corpo de tempo e liberdade. Agora que és refugo e cicatriz esperança nenhuma hás-de manter: o teu próprio domínio foi proscrito, laje de lousa gasta em que algum giz se esborratou informe em borrões vis. De assim acontecer, ficou-te o mito de haver milhões que te uivam triunfantes na raiva e na oração, no amor, no grito de desespero, mas foi noutro atrito que tu partiste até as próprias jantes nos estradões da história: estava escrito que iam desconjuntar-te os teus falantes na terra em que nasceste, eu acredito que te fizeram avaria grossa. Não rodarás nas rotas como dantes, quer murmures, escrevas, fales, cantes, mas apesar de tudo ainda és nossa, e crescemos em ti. Nem imaginas que alguma vez uma outra língua possa pôr-te incolor, ou inodora, insossa, ser remédio brutal, vãs aspirinas, ou tirar-nos de vez de alguma fossa, ou dar-nos vidas novas repentinas. Enredada em vilezas, ódios, troça, no teu próprio país te contaminas e é dele essa miséria que te roça. Mas com o que te resta me iluminas.
(Vasco Graça Moura)